Políticas educacionais e a adaptação de estudantes indígenas ao Ensino Remoto de Emergência:

um estudo no ensino superior

Autores

  • Virgínia Braga Fonseca Universidade Federal do Pará
  • Alenilton Teixeira Tembé Universidade Federal do Pará
  • Carlos André Corrêa de Mattos Universidade Federal do Pará
  • Luís Alberto Monteiro de Barros Universidade Federal do Pará
  • Cristiano Descovi Schimith Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.22567/rep.v12i2.948

Palavras-chave:

Administração Pública, Politicas educacionais, COVID-19, Indígenas, Ensino Superior.

Resumo

A pandemia da COVID-19 desmontou subitamente o sistema de ensino e revelou profundas fragilidades das políticas públicas para antever e reagir a imprevistos. Considerando esse aspecto, o objetivo deste estudo é identificar os fatores e classificar os estudantes universitários indígenas no que concerne à adaptação ao Ensino Remoto de Emergência (ERE). Para tanto, foi feita uma survey exploratória e descritiva, com amostragem não probabilística por acessibilidade, que contou com a participação de 102 dos 305 estudantes indígenas da Universidade Federal do Pará, Brasil. Os dados obtidos com questionários digitais foram tratados com técnicas quantitativas na forma de estatística descritiva, correlacional e multivariada (análise fatorial exploratória e análise de agrupamentos). Os resultados evidenciaram três fatores que explicaram 64,63% da variância dos dados e foram denominados como “Organização nos estudos” (25,59%), “Local de estudos” (25,29%) e “Utilização de tecnologia” (13,75%). A análise de agrupamentos identificou três grupos entre os respondentes com diferentes características, mas que de maneira geral mostraram estudantes organizados, bem adaptados à utilização de tecnologias, porém com limitações quanto ao local de estudos aspecto que confere maior ênfase as ações de apoio estudantil. As conclusões reforçam a necessidade de aprimorar as políticas de assistência estudantil direcionadas para grupos minoritários e recomendam avaliações futuras para mesurar, além da aprendizagem, a taxa de evasão e de readaptação dos estudantes indígenas às atividades presenciais nas instituições de ensino superior.

Biografia do Autor

Virgínia Braga Fonseca, Universidade Federal do Pará

Bacharela em Administração (2022) pela Universidade Federal do Pará. Indígena do Povo Arapaço da região médio Rio Negro, Amazonas, membro da Associação dos Povos Indígenas Estudantes na UFPA. Faço parte do Conselho Consultivo dos Povos Indígenas do PROJETO CARTOGRAFANDO SABERES.https://www.instituto-cartografando-saberes.com/quem-somos/. Fui bolsista no Programa de estágio Ciência e arte- Povos da Amazônia- UFPA/UNICAMP/SANTANDER, desenvolvendo atividade junto ao projeto Métodos de preservação e avaliação da qualidade de alimentos pela Faculdade de engenharia de alimentos-FEA, UNICAMP, (2020).

Alenilton Teixeira Tembé, Universidade Federal do Pará

Bacharel em administração (2022) pela Universidade Federal do Pará.

Carlos André Corrêa de Mattos, Universidade Federal do Pará

Doutor em Ciências Agrárias (2012) pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional (2008) pela Universidade de Taubaté (Unitau). Cursou MBA em Gestão Empresarial (2004) e Gerenciamento de Projetos (2005) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Bacharel em Administração (2002) pela Universidade da Amazônia (Unama), na trajetória profissional atuou em organizações públicas e privadas. Dentre as áreas de concentração, destacam-se: Marketing, Gestão Estratégica, Organizações Públicas, Competitividade, Agronegócio e Organização Industrial. Atualmente é professor permanente do Programa de Mestrado Profissional em Gestão Pública do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) e da Faculdade de Administração (FAAD) da Universidade Federal do Pará (UFPa)

Luís Alberto Monteiro de Barros, Universidade Federal do Pará

Possui graduação em Administração de Empresas, graduação em Arquitetura, Mestrado em Administração de Empresas e Doutorado em Administração (Universidade de São Paulo, 2007). Atualmente atua como Professor Adjunto da Faculdade de Administração da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coordenador de projetos de pesquisa e extensão universitária. Possui ampla experiência no start-up, gestão e apoio técnico, administrativo e financeiro de projetos e organizações de médio e grande porte em segmentos industriais, comerciais, de serviços e de infraestrutura, com habilidade na implantação de sistemas integrados de gestão, compliance, valuation, compras e contratações, relacionamento com sindicatos e instituições financeiras, organização, reestruturação, empreendedorismo, inovação e tecnologia, planejamento estratégico e desempenho organizacional

Cristiano Descovi Schimith, Universidade Federal do Pará

Bacharel em Administração com Habilitação em Comércio Exterior pela Universidade Regional Integrada, Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Maria e Doutor em Engenharia de Produção e Sistemas pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Atualmente alocado como Professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), atuando nas disciplinas de empreendedorismo e Matemática Financeira. Coordena o grupo de pesquisa Laboratório de Apoio a Decisão e Gestão LADG. Com as linhas de pesquisa em Governança e Sustentabilidade e Abordagem Multi-criterial de Apoio a Decisão

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Publicado

2023-10-01

Como Citar

Fonseca, V. B., Tembé, A. T., Mattos, C. A. C. de, Barros, L. A. M. de, & Schimith, C. D. (2023). Políticas educacionais e a adaptação de estudantes indígenas ao Ensino Remoto de Emergência:: um estudo no ensino superior. REVISTA ENIAC PESQUISA, 12(2), 313–333. https://doi.org/10.22567/rep.v12i2.948

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